Carl Sagan foi um respeitado astrônomo e impulsionou para o terreno científico discussões antes consideradas temas de ficção.
Conseguiu isso de uma forma muito simples : optou por fazer a divulgação da ciência e da metodologia presente no método científico.
Fez isso de forma apaixonada e com muito êxito, especialmente no campo das ciências espaciais, embora tenha vivido apenas 62 anos. Merecia mais tempo.
Seu último livro lançado no Brasil, "Variedades da Experiência Científica - Uma Visão Pessoal da Busca por DEUS" traz uma compilação das chamadas palestras Gifford, proferidas na Universidade de Glasgow (Escócia), nos anos 80.
Eu, mesmo defensor ferrenho do pensamento pragmático, fiquei surpreso com a magistral consciência apresentada por Sagan no livro, que ainda não havia sido traduzido para o português.
Os primeiros capítulos seguem em ritmo lento, dedicados a construção de todo um raciocínio que atinge seu ápice na segunda parte do livro.
Variedades é encerrado com perguntas que, contextualizadas para os dias atuais, constituem preocupações e temas relevantes, sobretudo para a ciência.
É um convite raro para que todos os leitores, adeptos ou não dos pensamentos do autor, pensem sobre como estamos conduzindo as prioridades humanas : muito longe da sustentabilidade, intensificando as assimetrias do conhecimento e, como sua consequência, as assimetrias sociais e econômicas.
