quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O céu estrelado do interior de Rondônia

Anos atrás, eu encontrei o céu mais estrelado que já presenciei na minha vida.
Foi algo marcante.
Tão marcante que recordo o horário daquela maravilha : 01:54 da manhã.
Uma experiência insuperável até hoje, mas por razões curiosas também.
E porque curiosas ?
A primeira : rumando isolado naquele táxi e naquela estrada, eu soltei uma gargalhada tão espontânea, que soou alta. E destruiu todo o mau humor que estava dominando meu dia, até aquele ponto.
O motorista do táxi deve ter concluído que eu bebi algo estranho durante a viagem de avião. Ou que eu era maluco mesmo.
Ele quis pouca conversa. Creio que por uma dessas duas razões que citei há pouco.
Pode ter concluído que, ao travar um diálogo não calculado comigo, eu tentaria tomar a direção do carro, ou coisa assim. Atitudes típicas de quem ri estridente na madrugada, sozinho em um veículo de pessoas desconhecidas e 4.000km longe da própria casa.
Pior se ele soubesse que gargalhei porque vi algo novo : um céu estrelado com nunca havia visto antes.
Não me envergonho, caso alguém tenha suposto isso.
O fato é que o céu estava ali, lindo, incrível, majestoso ( Ponte Preta ! ), com tantas estrelas, tantas e tantas estrelas, que seria impossível contar quantas eram sem parecer mentira.
Ele estava ali para demolir qualquer ranzinza, para reduzir a vergonha de rir das próprias surpresas, até na presença de quem eu nunca havia visto antes.
Eu andava descrente sobre ser capaz de repensar minha lógica e dolorosa concepção de fé. Reside nisso a segunda ironia : de certa forma, por poucos minutos, ele se apresentou, murmurou e se fez sentir.
Reconciliou muitas coisas que não se davam com outras coisas aqui, por muitos anos.
Fechei os olhos e as memórias mais leves que tenho da minha vida escaparam em novos risos. Risos em volume baixo, baixinho e discreto para não chocar o já desconfiado e involuntário acompanhante daquele trajeto peculiar.
Sem coragem e sem querer enxergar, eu sei que tudo foi se esvaindo lá fora.
Devagar, devagar de verdade.

Nunca soube se era DEUS, mas aquele céu tornou-se atemporal e jamais me abandonou.
É uma maravilhosa dúvida, sobre a qual creio desde então.