quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Quem atrasa, sempre alcança ?

Falhei em comentar todas as coisas que aconteceram no trio de lugares Alemanha, Bélgica e Holanda.
Peço desculpas aos 4 leitores assíduos que tenho.
Aproveito e faço aqui um "mea culpa" pela expectativa que criei em vocês sobre o vácuo ( ou quebra do continuum tempo/espaço ??? Adoro esses termos da física e é raro achar espaço para colocá-los dentro dos textos - acho que esse aqui ficou bom ! ) que minha ausência provocaria aqui no Brasil.
Quando voltei, nada havia mudado. Estranho, muito estranho.
Embora alguns de vocês quatro possam comprar como esfarrapada a desculpa que detalharei adiante e abandonar minha já modesta audiência, juro ser essa desculpa a verdadeira verdade sobre demorar 71 dias para "postar" um novo texto.
Juro também que senti muita falta da cobrança de todos vocês, mas chega de jurar.
Quando eu era criança, uma vizinha disse que se fosse jurar algo e se esse algo não fosse verdade, outro algo muito ruim iria acontecer com uma pessoa da minha família, só não lembro qual o grau de parentesco desse infeliz "bode expiatório" das mentiras alheias.
Cá entre nós : hoje eu vejo como é ilógica essa ameaça !
E se for um tio, do qual você não gosta ? A criançada vai jurar sobre qualquer coisa, na esperança de que esse algo ( impreciso : o que é "algo" ? ), o tal castigo, alcance o querido tio.
Lembrei disso porque hoje, enquanto eu estacionava o carro na garagem, a tal vizinha descia pela rua toda confiante.
Deve estar atormentando alguma outra criança com esse postulado que não se sustenta. Eu ri para ela, ela sorriu de volta.
E ela sequer suspeitou a razão do meu riso, reforçando minha certeza sobre como eu sou bom em dissimular minhas reflexões.
Olhei-a de forma psicótica após ela passar e então resolvi que está tudo em paz entre nós, daqui até o fim dos dias. Que postulado mais besta, como não percebi isso antes ! Ela poderia ter atormentado minha vida perguntando se p = np.
Não que isso tenha relação com a ausência de textos, mas essa pequena digressão busca sensibilizar as pessoas para que aceitem a verdade verdadeira.
No feriado prolongado, esse era um problema que ainda não estava resolvido e então, um documento literalmente caiu na minha cabeça.
Por mágica, eu abri o livrinho, cuja capa contém reluzentes letrinhas que juntas formam a patriótica definição "República Federativa do Brasil", exatamente na página onde havia um carimbo simpático ( um aviãozinho, olha que FOFO ! ) e uma frase ameaçadora : "Flughafen München".
Complexa essa frase, mas todas as respostas estão no oráculo da modernidade, o helpdesk dos desfavorecidos bilinguemente. Basta perguntar.
O tradutor daquele site famoso esclareceu que essa frase, "Flughafen München", nada mais é que "Aeroporto de Munique". Entendi o motivo do tosco aviãozinho.
Resolvi ousar e mudei o idioma, confiante da minha extrema habilidade em clicar do "Alemão" para o "Inglês" : a resposta reluziu no visor de LCD ( a tecnologia é uma maravilha ) como "Munich Airport".
A verdade verdadeira começou a ser desenhada.
Meredith Mäder não quis amizade comigo, isso vocês quatro já sabem.
O que vocês não sabem é que encontrei um outro alemão, bastante sinistro no Flughafen München, depois das vitrines reluzentes e outras distrações preparadas sarcasticamente para nos distrair.
Quem já assistiu um filme sobre a Alemanha Oriental, ou "Operação Valquíria", conseguirá visualizar melhor : um bigodinho ralinho, entradas acentuadas delimitando onde já não há cabelo e o mais inquietante para a figura que se espera de qualquer alemão : olhos negros, pequenos olhos negros.
Alemães = loiros ? Outro postulado que não se sustenta, vejo agora.
Entretanto, um último detalhe foi o que minou toda a simpatia brasileira que eu havia treinado tantas e tantas vezes para vencer esse carimbador de aviões em livrinhos alheios.
Scharzkopf ou Schwarzkopf era o que marcava o broche no bolso de seu burocrático uniforme.
Murchei, confesso para vocês. Treinei no banheiro do Flughafen München vários e vários "Good Morning, Ballack !" ou "Good Morning, Schumacher !" e tudo foi em vão quando encontrei aquele que recuso pronunciar o nome.
Pior que isso : durante a entrevista que fazíamos, eu lembrei que o nome dele era igual ao de uma marca de shampoo que curiosamente saiu do mercado brasileiro.
Ri de forma contida e isso deixou o Schwarz nervoso.
Entendi que ele perguntou porque eu estava rindo e praguejou baixinho, mas nem respondi.
Estava sem acesso ao site famoso e seu tradutor para explicar a relação entre shampoo e mau humor, ou pior, que o nome dele não era muito comercial para shampoo no Brasil, mas paciência e bola para frente, nem todos temos nomes bacanas mesmo.
Meu inglês não é tão sofisticado. However, fiquei com vontade de dizer um simpático : "Move ON", Shwarz ! Seu nome nem é tão complicado assim para nós latinos !
Não foi por isso que fiquei 71 dias sem escrever.
Andei triste com muitas coisas. Li menos do que costumo ler. Prestei menos atenção aos tipos que vejo nos locais que visito e mesmo na rua. Não fui tanto até a Unicamp ou fui apenas para desistir do que havia prometido terminar. Trabalhei mais do que eu gostaria de ter trabalhado e me aborreci mais do que eu queria ter me aborrecido.
Vamos ver se recupero um pouco disso tudo.
Não sei se quem atrasa, sempre alcança, pois até esse postulado infalível faliu uma ou duas vezes ao longo desses dois últimos meses, pois estava atrasado e atrasei mesmo.
Aqui nesse espaço, pretendo recuperar parte do que é distração para mim e falar sobre muito.
Quem sabe, falar até sobre vocês.