segunda-feira, 28 de junho de 2010

Cine Paradiso, Cinema Paradiso ...


Um bom filme marca nossa memória e certamente inspira nossa capacidade de criar coisas positivas, de tentar surpreender outras pessoas com algo novo, com algo único e exclusivo.
Guardo esse tema um pouco para adiante, pois antes eu vou escrever sobre um dos locais mais interessantes que eu conheci até hoje.
Aqui em Campinas havia uma sala de cinema singular, que mostrava muitos filmes alternativos aos filmes mostrados nos cinemas do chamado "circuito comercial".
Fechada desde Outubro de 2009, a sala "CINE PARADISO" ficava na Rua Barão de Jaguara 936, e funcionava dentro da Galeria Barão Velha. Situada no centro de Campinas, é outro local cult da nossa cidade.
Incontáveis as películas fantásticas que eu assisti naquela acanhada sala e as experiências que elas proporcionaram em vários aspectos da minha existência.
É interessante como é possível sorrir com mais liberdade, no completo anonimato e distância das pessoas que contém algum julgamento sobre o que você é.
Em suma, você pode deixar o personagem que o mundo quer ver, é possível abandoná-lo em outro lugar distante dali.
Foi com esse espírito que assisti "CINEMA PARADISO" na sala CINE PARADISO e, como disse ao começar esse texto, o enredo do filme inspira grande parte do que escrevo agora. Não confundo realidade e ficção, é importante dizer.
Tenho pensado no roteiro do filme por achar que a história é maravilhosa e diz muito sobre amor, amizade, saudade e mais.
Palavras poderosas, essas três : amor, amizade e saudade são fios condutores de um destino imprevisível em nossas vidas, creio.
Quero dizer que não é preciso muitas coisas materiais, não é preciso perseguir coisas inanimadas, não é preciso ter para ser.
Totó, o menino de "CINEMA PARADISO" cresce e conquista a fortuna, que parece estar ao seu lado, mas a história não é sobre isso.
A beleza está no amor, na amizade e por último, na saudade que perpassa todas as relações dele.
Cena após cena, ou dia após dia, é isso que está lá : uma construção que é valorosa porque ele revive sua presença nos lugares que o conduziram até um relativo sucesso e descobre na ausência como a presença é importante.
Em muitas pessoas, reconheço algo similar.
Títulos, posses e a vazia sensação de direito sobre o destino de outras pessoas é o norte de muitos. Triste.
Descuido nosso, pois podemos encontrar um cinema decrépito e vazio ao final de tudo isso e pior, a definitiva falta de quem se apresentou para nos guiar.
A definitiva falta dos amores floridos em estações pregressas, amores esmaecidos pela busca egoísta e pela incapacidade de perdoar, de compreender que a liberdade é inerente ao outro, fundamental para seu ser.
Ficção ou vida, certo é que somos especiais para alguém. Sempre.
Carregamos habilidades mágicas, por assim dizer.
Habilidades para cativar quem nos nutre com carinho.
Inspirados para escrever ou não por um filme projetado em um cinema que já não existe mais, isso não importa, desde que o coração contenha nossa mensagem. É isso.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Campinas e mais


Quase esqueço que ir até Campinas também é uma viagem.
Embora eu tenha nascido aqui, durante muito tempo eu estive ausente da minha própria terra.
É verdade que eu nunca deixei de torcer e nunca deixarei de torcer pela minha Ponte Preta, qualquer que seja a divisão em que ela se encontre.
Já fui perguntado porque gosto desse time e sinceramente, respondi que eu não sei.
Certo é que quando eu era criança, adorava quando meu pai ia até o estádio comigo, para assistir os jogos da gloriosa. Deve ser isso. E é um símbolo da cidade. Um dos grandes símbolos, aliás.
E também é verdade que eu nunca deixei de admirar as paisagens de Campinas, as novidades daqui e as mudanças na cena urbana.
Com coisas novas e com espaços que estão cada vez mais clássicos e tradicionais, com o avanço do tempo.
A cidade se transforma cada vez mais em algo grande.
A minha ideia, quando surgiu a vontade de escrever algo no dia de hoje, era falar sobre o lugar que visitei e de onde eu voltei para Campinas.
Mudei minha decisão depois de um vagaroso passeio de carro pela Unicamp, pela Dom Pedro, pelo Amarais e por outras avenidas daqui.
Ver os rostos felizes dos meus colegas com o encerramento do semestre lá na academia, as pessoas correndo na lagoa e os bares cheios, turbinados pelo tempo maravilhoso que abriu o inverno, nem tanto frio para uma boa cerveja encorpada e também nada quente, o que esconderia o sabor de uma boa porção para acompanhar esse deleite.
Tudo isso visto ali, da janela do meu carro.
Quase esqueço que é de Campinas que eu saio para todas as outras localidades.
Colocar essa memória no automático é um paralelo interessante : gosto tanto da cidade e deixo ela ali, aceitando que ela sempre me aceitará.
Pode não ser assim um dia. Cultivar esse amor é tão importante quanto cultivar o amor de quem me ama. Não se deve negligenciar, abandonar, relutar em reverenciar essa admiração dos outros por nós e a nossa por todas as coisas, e mais importante, por pessoas.
Lembrei disso hoje e pensei : porque não escrever ?
Sim, é tão fácil.
É só dizer aos que eu amo, a minha cidade, e as que também me amam : eu sempre penso em vocês, tá ?

sábado, 19 de junho de 2010

Fim da semana



7 dias ótimos, nessa última semana.
Muitas vezes, eu custo a acreditar nas experiências que meus olhos captam.
Para terminar a semana, meu presente foi uma espetacular pintura de um novo DIA nascendo.
Normal, não ?
Não.
O espetáculo é que, visto através da janela do avião, metade do horizonte era noite intensa e a outra metade, um prisma inigualável de cores esperando uma ascensão estelar.
A metade escura se projetava no sentido para onde a aeronave se movia e nesse efeito, era como se essa meia-noite jamais seria vencida, ela estaria para sempre lá, acompanhando o movimento de tudo o que ficou preso nela : meia lua, muitas estrelas brilhantes e a vida que não conhecemos orbitando por elas. Certamente ela está lá.
E na outra metade, um azul crescente : pouco abaixo dele, um laranja intenso, poderoso anúncio de uma manhã clara, limpa e feita para a majestade do SOL.
Felizmente, sentei na exata metade do aparelho e entre 05:09hs e 05:44hs, assisti em silêncio esse majestoso jogo.
Embora ele aconteça há bilhões e bilhões de anos, contemplá-lo e respeitá-lo é sempre único.
Em todas as metáforas que esse fenômeno carrega, aquela trinca dezena de minutos mostrou novamente o que é o paralelo de existir.
Adiante, na noite, o futuro incerto que não se conhece e para trás, na gradual claridade está o que passou, o que é conhecido e visto, e mesmo o que se quer esquecer.
Mais importante : no ponto exato do meio, o presente, a vida, mover-se, pensar, sentir, amar, o desejo de ser e as representações cotidianas para espelhar a personalidade que cada um espera encontrar ao encontrar, nós.
Nada se faz sobre o que passou e pouco pode-se conhecer sobre o que será, no máximo suposições e esperanças. O meio é a mágica.
Pensava sobre isso quando o senhor ao meu lado perguntou : Quanto falta para chegarmos ?
Ele estava aflito, primeira viagem aérea em toda a vida.
Preocupado, custava acreditar que as bagagens realmente estavam no avião e seriam entregues em Campinas, estava preocupado se os familiares estariam no aeroporto para recebê-lo.
Respondi com calma que chegaríamos 06:30hs e ele sorriu mais uma vez, agradeceu minha paciência e comentou : "o senhor é muito gentil, sabe tudo aqui da viagem ..."
Sorri de volta, nada falei.
Olhei fora uma última vez e pensei : não, não sei de nada ... senhor, como eu realmente não sei de nada ....

terça-feira, 15 de junho de 2010

Escala em Floripa e depois o interior


Aguardo o meu embarque para Florianopólis, escala para uma noite ( de sono ? ) e então, 600km de viagem para o interior de Santa Catarina.
É assim, para equilibrar com o que resta do semestre letivo na UNICAMP.
Não há outra maneira, é cansativo, requer foco, mas com determinação tudo se alcança.
Escolhi essa viagem para fazer a leitura do livro "Tratado do Desespero e da Beatitude", escrito por André Comte-Sponville.
Confesso que estou intrigado com um recorte da obra, onde diz o autor "Nós somos prisioneiros do nosso futuro e de nossos sonhos : de tanto esperar amanhãs que cantem, perdemos o único caminho real, que é o de hoje".
Viver com alegria o que é dado hoje. Os sonhos estão todos aí, esse é o contexto. Parece com auto-ajuda, porém percebo que o contexto utilizado pelo autor é diferente disso, o que despertou minha intensa curiosidade. Um livro muito bom, até agora.
Fora o livro, nenhuma cidade nova nessa jornada. Todas são conhecidas.
Deixo uma foto do que vi recentemente em Florianopólis : a catedral da cidade.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Todas as noites, um lugar especial


Um dos meus brinquedos preferidos na infância era um mapa do Brasil.
Tentava imaginar como eram as cidades que eu via naquele mapa colorido.
O que será que elas tinham ? Como seria Roraima, que nem estado era na época ?
E Rondônia ? E os outros lugares distantes, como o Amazonas, Pará, Mato Grosso ?
Esse meu mapa colorido é mais uma certeza de que eu tenho mesmo mais do eu jamais sonhei. Tenho mais do que um dia, eu sonhei que conseguiria alcançar.
Nas minhas contas, já conheci 1.099 cidades do Brasil em 14 anos de trabalho.
Andei catalogando cada uma delas ( risos ).
São todas as capitais do Brasil e lugares como Ji-Paraná, Boa Vista, Monsenhor Gil, Elesbão Veloso, Sombrio, Ouro Preto D´Oeste, Trindade, Primavera do Leste, Balsas, Carolina, Cruzeiro do Sul, Oiapoque, Santana de Macapá, Laranjal do Jari e outros, muitos outros.
Em todas essas cidades, eu sempre achei algo diferente : uma grande surpresa para os olhos, para o olfato, para o paladar e até, espetaculares surpresas nas pessoas que eu conheci. Eu encontrei empreendedores com a mais contagiante garra, encontrei pessoas que me receberam como filho em sua própria casa, encontrei pessoas que souberam me incluir nos jogos de futebol disputados toda a semana, como fosse eu um amigo distante, porém amigo há muito. Encontrei muito, muito mais.
Penso nessa riqueza e vejo que em todas as noites, havia sempre um lugar especial.
E mesmo quando estive sozinho nessas jornadas, eu achei algo fantástico, nas estrelas de um céu que não é o céu paulista. É outro céu, complexo de explicar.
É um céu mágico, intenso e tão habitado de estrelas que nos faz sentir ainda mais pequenos do que somos.
Vou relembrar cada um desses lugares, aqui.
Eu começo por um deles onde fui tão bem recebido, mas tão bem recebido, que JAMAIS esquecerei das pessoas que lá conheci.
É Rio Branco, ACRE. E sua passarela Joaquim Macedo, por onde andei algumas vezes e quem sabe, por onde ainda andarei nessa vida.
Quem é que garante o que é que será, afinal ?