quarta-feira, 29 de junho de 2011

O gosto de escrever


Hoje vou fazer diferente. Escrevo o que esperam que eu escreva, para conseguir 44 em 48 pontos na redação de um vestibular qualquer ou para descrever algo fortuito ou para convencer alguém sobre a seriedade de algo.
Mas hoje, vou fazer diferente ...


Transbordo eu saudades
Não sei : quem sou ?
Um número, um perfil estrela
Qualquer coisa sem sentido
Jamais alguém
Tampouco alguém
Se há esmero e escrevo, é verborragia
Se há desleixo e escrevo, é asneira
Se há para escrever e não escrevo, é preguiça
Chega de aliterar
Eu sinto mesmo é saudades
De correr por aí
Saber em quanto tempo
Escorre um palito pela rua
Na chuva
Que há anos não molha meu rosto
Cinza e acabrunhado
Que vai e que vem
Disperso, desatento em desalento
Eu quero criar
Tanto quanto mais jovem
E se disserem, "clichê"
Pronto respondo, "que se dane"
Porque há saudades
Ah, eu sinto
Da lama,
Do abacateiro,
Do cachorro Quebrado,
Do vô Joaquim delirando, tadinho
Dos bichos do mato,
Dos bichos do sítio,
Dos amigos de todos os lugares,
Saudades
Quem eu sou
Ainda não lembro, ao certo
Só lhe juro
Não um número, perfil ou cor reluzente
Em plástico frio
Conceda-me um tempo
E lhe provo
Era alguém desvairado em razão
Porque qualquer um
Eu encontrava e dizia
Olá ou bom dia
Mesmo em roupas bregas, roto
Saltando do coletivo lotado
Parco, contando moedas
Em um bolso rasgado
Eu não recordo
Ser você, saudade
Tão grande
Tão viva
Implacável
O que foi mesmo
Que fez
Com meus sonhos ?

Delicioso escrever assim. Senti muita falta disso. Estou mais feliz ...