domingo, 16 de maio de 2010

Atari

Encontrei há pouco com a mãe de um outro André.
Ocorreu quando eu fui até a padaria, buscar refrigerantes para minha mãe. É sempre assim, as mães pedem e vamos lá, vamos fazer.
Para meu espanto, ela chamou meu nome e perguntou sobre como eu estava, o que tenho feito. Não sabia que aquela senhora lembraria quem eu fui, depois de tantos anos distante do bairro.
Disse que eu estava bem e ela comentou sobre a vida, sobre a escola que estava aberta hoje com uma exposição sobre a cultura quilombola e que eu deveria ir até lá, pois alguns dos professores ainda têm saudades de mim. Ela sempre foi envolvida com a comunidade, com a escola. Vou até lá, para ver esse material exposto.
Agradeceu minha atenção e despediu-se, rapidamente.
O André, filho dela, não está mais conosco há alguns anos e ainda mais infortúnio, a outra filha dela, Andréia, também foi vitimada por uma fatalidade há alguns anos. E ela já era viúva. Está só, nesse mundo.
Lembro das tardes maravilhosas que nós, Andrés, experimentamos na casa dele. Ele era um dos poucos garotos que tinha um Atari, e fomos muitos próximos durante três anos em que estudamos na mesma turma. E sempre fui bem tratado pela mãe dele, uma pessoa realmente exemplar.
Crescemos e seguimos caminhos opostos, ele enveredou para um caminho ruim, foi guiado por más influências e isso resumiu sua vida, tomando-lhe todos os anos que ainda estão por vir.
É uma pena que tenha sido assim.
Voltei com os refrigerantes para minha mãe.
Um pouco triste, porque pensei bastante se Dona Ângela guarda meu nome pela coincidência de ser eu, também André.
Como ela sorriu ao me abordar, se for essa a associação que ela fez, sei que lembrou dos dias de Atari.
E ali, tanto eu quanto o filho dela, sequer pensavámos em futuro.
Estavámos concentrados em vencer um ao outro, jogando "ENDURO" e "PITFALL".
Que seja assim, um passado feliz para ela recordar. Um passado que não passa.

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