sábado, 1 de maio de 2010

Flora e José Pires

Na estante da casa de minha mãe, há uma foto dos meus avós maternos.

A recordação das coisas que aprendi no sítio, onde eles moravam e trabalhavam quando eu era criança, têm sido frequentes.

Especialmente um desses dias, quando aprendi como pedalar uma bicicleta, auxiliado por um dos meus primos chamado Evandro. Primo que eu nunca mais vi, desde aquele época.

No mesmo dia, meu avô retornou da "cidade" e sem saber que eu havia conseguido aquilo feito, trouxe um pacote de biscoitos de milho. Comprava isso no armazém da cidade, usando o parco dinheiro que ele tinha para isso. Ele sabia que eu adorava quando ele trazia esse presente.
O melhor biscoito que eu comi em toda a minha vida, não pelo gosto em si.
Mas por quem entregava ele para que eu desfrutasse.

Para aquele garoto, foi um dia perfeito, e que aconteceu 26 anos atrás.

Na foto, meus avós estão com um semblante de perfeita harmonia e sorriem bastante, sentados na poltrona da casa simples, onde viveram até o final dos dias.
Comida simples, mobiliário simples, uma espartana estrutura de objetos domésticos e um resumido espaço físico para que aquele bando de crianças extrapolasse toda a energia própria da infância.
Ainda assim, a felicidade estava lá, presente.
Completa na igualdade de todos nós, primos.
Antes, éramos moleques e hoje, somos empresários, gerentes, professores, líderes de produção e toda sorte de adjetivos colados em nossas vidas - adjetivos que nos afastaram, por motivos bons e também por motivos maus.
Nós deixamos de ser simplesmente, meninos.

A simplicidade deve ser mesmo o melhor caminho.
Flora e José Pires, saudades de vocês. De tudo.


http://www.youtube.com/watch?v=W11CSh14B78

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