sábado, 11 de abril de 2009

Atividade 5 - Leitura dos textos

Na leitura dos dois textos indicados foi possível identificar a presença clara dos elementos que caracterizam a estrutura lógica de um texto científico.
No primeiro texto que eu li, produzido por Octavio Ianni para uma aula magna realizada em 03 de março de 2004, o tema do ensaio está claramente presente no título da obra. O autor aborda a separação entre as linguagens filosóficas, científicas e artísticas, cujos elementos de separação estão se acentuando, na visão de Octavio Ianni, ao ponto de criar uma polaridade entre modernos e antigos. Duas questões que derivam dessa polaridade são o surgimento de especialidades cada vez mais intrínsecas e a crescente importância da técnica sobre a ciência. Ele cita, como exemplo dessa segunda tendência acima citada, o termo ( para ele, um "barbarismo" ) tecnociência. E na sequência dessa passagem, surge então o problema principal tratado pelo autor, que é a descoberta ou redescoberta do contraponto ciência e arte como ponto central das narrativas científicas. Não pode, portanto, ser desprezado, mesmo considerando a "modernidade" ou "profunda especialização" que estamos vivenciando. Esse contraponto, para muitos, atuaria como um catalisador mútuo, que revigora e renova a produção artística e científica mundo afora. Para fortalecer sua tese, o autor cita a presença dessa "cumplicidade" em obras de grandes autores da história humana ( Maquiavel, Shakespeare, Weber, Hegel e outros ), que produziram conhecimento e deixaram marcas de sua época ( com viés artístico ) para a posteridade. Isso porque as obras produzidas por tais clássicos carrega ( em grande parte ) uma visão própria de mundo, peculiar a cada época. Como exemplo, ele cita o poema ( portanto, uma obra artística a priori ) Os Lusíadas , onde é possível ver, segundo o autor "um primeiro hino à ocidentalização do mundo, nas esteira do mercantilismo". Estão fundidos no elemento do texto ciência e arte, indissociáveis. E continua, ao longo de praticamente todo o texto, demonstrando outros exemplos onde narrativas, ficcionais em maior ou menor grau, servem ao propósito da difusão de ideias e ideais científicos. Nota-se a presença, do método, do desenvolvimento e dos resultados. Octavio Ianni encerra comentando que a narrativa ainda está presente, no mundo moderno, para tratar da conexão entre os enigmas da razão e da fantasia, para leigos e cientistas. E então demonstra toda a bibliografia que utilizou para construir sua argumentação. Um monumental texto científico. Perceber que se trata desse tipo de produção literária não é, segundo minha opinião, fácil para leitores pouco atentos, que o enxergariam como uma narrativa sobre um determinado problema, cuja visão do autor é a que ele apresenta na aula magna.
O segundo texto, produzido por Marcos Barbosa de Oliveira, é mais rígido nas divisões. Ele deixa claro seu objetivo no título ( Considerações sobre a neutralidade da ciência ).
Apresente um resumo claramente delimitado, onde consta seu objeto de estudo - algumas formulações contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais(PCN). Na sequência, ele coloca as palavras-chave para pesquisa e reitera, na abertura do paragráfo seguinte, o tema do texto ( Nosso tema é a neutralidade da ciência . . . ). Marcos Barbosa de Oliveira constrói uma dissertação sobre os temas presentes nos PCN, onde está claramente presente a tese de não neutralidade da ciência. Ele utiliza, para embasar parte de seu argumento, considerações propostas pelo australiando radicado nos Estados Unidos, Hugh Lacey. Lacey escreve sobre o tema e propõe reflexões sobre o conceito de neutralidade da ciência, em sentido amplo. Define algumas considerações para que esse conceito seja válido ( necessidade da ciência ser neutra no sentido restrito, e quais aspectos são considerados, segundo sua tese, para que a ciência seja considerada neutra no sentido restrito ). Utilizando-se desse conjunto de argumentações, Marcos Barbosa de Oliveira expõe o problema, desenvolve seu raciocínio, sua posição e formula um termo convergente com o texto produzido por Octavio Ianni - o neologismo tecnociência. Para Marcos Barbosa de Oliveira, as implicações da não neutralidade do uso das tecnologias estão intimamente associados com o conceito de não neutralidade amplo da ciência, isso porque ambas, tecnologia e ciência, estão cada vez mais aglutinadas, em maior ou menor grau, dependendo do segmento ou domínio do saber humano. Temos então um termo similar ao utilizado em outro texto, mas aplicado em contexto diferente do texto de Octavio Ianni. Isso produz outra interpretação quanto ao seu significado, que é a fusão entre a tecnologia e a ciência. Produz também outras implicações e reflexões, pois o uso não neutro de tecnologias estaria produzindo ciência não neutra, em sentido amplo. Ao finalizar seu pensamento, o autor deixa ainda mais clara sua posição e entende que ela é claramente sólida. Na sequência, demonstra a bibliografia utilizada.
Outro exemplo de clareza na produção do texto científico.
Aborda sob outro prisma um problema tratado por Octavio Ianni no texto Ciência e Arte - a separação entre tecnologia e ciência e as implicações disso na produção científica humana e em aspectos éticos próprios da produção do conhecimento científico, segundo minha interpretação.

3 comentários:

  1. Comentário sobre texto de Octavio Ianni:

    As idéias tiradas do texto são bem pertinentes e claras. No seu texto acredito que você deve ter entendido os fatos assim como eu e pode descrever muito bem a questão do surgimento das especialidades. Já a questão da técnica sobre a ciência não foi exatamente o meu ponto de enfoque, mas muitas das idéias são compartilhadas, afinal de contas, o que é o surgimento do experimentalismo se não o surgimento da técnica sobre a ciência que até um ponto foi baseada em empirismo. Texto está claro e direto ao ponto. Parabéns pela escrita.

    Comentários sobre texto de Marcos Barbosa de Oliveira:

    Sobre a propósta de identificarmos questões a serem trabalhadas, não sei se o objetivo foi cumprido com clareza nessa parte do texto. Apesar disso é um texto muito bem escrtito que mais uma vez demonstra o entendimento da leitura de um outro texto. Apesar da não exposição das idéias, algumas opiniões vão ao encontro das minhas no sentido de que há uma necessidade em se discutir sobre a contestação da ciência enquanto ciência mesmo e das exposições de conceitos éticos e sociais dentro a ciência. Outro ponto tratado é a questão da ciência e tecnologia que você assim como eu colocamos como achar um significado para a fusão dessas duas áreas e até que parte elas podem se fundirem e quais partes se tornam exclusivas de cada uma.

    Espero que gosto do comentário.

    Obrigado.

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  2. Olá André,

    Também destaquei no texto de Octavio Lanni a contribuição de textos literários na descrição peculiar a suas épocas, assim como você. Assim como a importância que ele dá à narrativa.

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  3. André, também destaquei a questão das especialidades cada vez mais intrínsecas. São sintomas do Pós-Moderno, porém não são tratados como tal no texto. Por isso, considero que o texto-base deixou a desejar.

    Amplexos

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